Partindo da análise conceitual básica da Logística, como um conjunto de atividades que compreende serviços de movimentação e armazenagem de produtos desde a saída do fornecedor até seu destino final, garantindo ao cliente níveis adequados de atendimento, analisamos alguns fatores fundamentais que norteiam as operações logísticas, como transporte, movimentação interna nas áreas de estocagem, planejamento de pedidos para melhores processos de previsão e aquisição, a fim de assegurar a análise e oferecimento de os critérios básicos para o serviço em questão, como disponibilidade, acessibilidade, economicidade, variabilidade, tempo em trânsito, redução de taxas de perdas e danos garantindo a adequação e integridade do produto até seu destino final.
Visando a função logística como estratégia de negócio, com uma ação mais sistêmica dentro das organizações, a Logística Reversa pode ser apresentada como uma alternativa importante para a gestão de toda a cadeia de suprimentos e também para o posicionamento da organização no mercado, assumindo valores da economia circular, da sustentabilidade e da integração total com clientes e diversos públicos de relacionamento a fim de ampliar sua capacidade – garantindo até certa autonomia – em processos de aquisição de suprimentos.
Como exemplo de Logística Reversa temos práticas tradicionais de consumo como a compra de bebidas com a devolução de “cascos”, garrafas e embalagens retornáveis, compra de produtos cosméticos em embalagem “refil” como estratégia comercial, garantindo a redução de descartes de embalagem, redução de custo do produto final e consequentemente ampliação do relacionamento com o cliente utilizando o reuso de embalagens como ferramenta de retenção e fidelização de clientes.
Partindo para o setor de base da economia, com produtos como o aço para aplicações na construção civil (vergalhões, pregos, treliças e tela soldada), indústria (cantoneiras, perfis leves, barras trefiladas, barras mecânicas e perfis estruturais) e agronegócio (arames e acessórios para construções rurais), temos as usinas siderúrgicas ampliando sua captação de sucata, garantindo parte do suprimento de insumos a serem adicionados ao minério de ferro, levando produtos que seriam descartados, de volta às usinas para serem remanufaturados e reciclados nas linhas de produção da própria siderurgia, garantindo assim a reutilização de um insumo finito extraído das jazidas naturais de minério.
Assim a Logística Reversa assume um caráter fundamental na Gestão da Cadeia de Suprimentos, com entrepostos a montante com o retorno de material obsoleto aos parques fabris, aproveitando ainda o frete retorno, muitas vezes desperdiçado com o retorno de veículos “vazios” aos centros de produção, colaborando ainda com a ampliação de receita (ou redução das despesas) nos serviços logísticos. Outro ponto importante que pode ser otimizado com a Logística Reversa, além de aspectos econômicos e de garantia de ressuprimento de insumos, é a ampliação de relacionamento com clientes estratégicos – clientes de maior potencial e de maior consumo, geralmente também geradores de resíduos que podem retornar às linhas de produção – através de serviços de compra e recolhimento desta sucata, ampliando ainda a possibilidade de posicionamento de mercado em conjunto com esses clientes através da divulgação de alianças estratégicas para práticas sustentáveis; desta forma temos uma nova configuração da cadeia de suprimentos, impulsionada por preceitos da economia circular.
Do ponto de vista das relações com clientes, recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC – passam a ocupar certo protagonismo, integrando não apenas as áreas de compra e venda, mas também as linhas de produção e escoamento de resíduos de clientes com as áreas de suprimento e logística de seus fornecedores, garantindo assim a integração de áreas, um dos pilares da Gestão da Cadeia de Suprimentos, que vai muito além dos serviços logísticos de armazenamento e transporte de insumos e produtos acabados, podendo até reduzir alguns trade off logísticos tradicionais que envolvem trocas compensatórias para a ampliação do nível de serviço, antes condicionado apenas mediante a ampliação do custo de atendimento com forte incremento nas estruturas de custo.
Temos então, avanços tecnológicos, práticas de responsabilidades sociais e ambientais e o enquadramento da logística como um forte componente estratégico atuando em dinâmicas mais complexas entre fornecedores e clientes, garantindo um novo modelo de Gestão das Cadeias de Suprimento cada vez mais impactadas pela variedade e disponibilidade de novos produtos com ciclos de vida cada vez menores, que pedem por uma nova dinâmica da economia e das relações corporativas entre clientes, fornecedores e sociedade, com o uso mais racional de insumos básicos e limitados extraídos da natureza.
Um outro fator decisivo nas relações entre fornecedores e clientes do mercado corporativo (B2B) que é fortemente trabalhado pela Logistica Reversa e pela Gestão das Cadeias de Suprimentos é a sincronização de fluxos de aquisição, fornecimento e produção dos dois lados – atuando a jusante do fornecedor e a montande do cliente – garantindo assim mais um instrumento de gestão das relações corporativas em atividades de previsão de demanda e planejamento da oferta e da disponibilidade de insumos e produtos acabados, agregando mais valor à clientes, consumidores e acionistas.